quarta-feira, 27 de maio de 2015

A Pré-História do Cinema

No artigo anterior referi que “o cinema desenvolveu-se do ponto de vista científico antes que as suas possibilidades artísticas ou comerciais fossem conhecidas e exploradas. (…) Prova deste facto são as chamadas figuras rupestres, pinturas encontradas em cavernas no período da idade da pedra”. Hoje falarei um pouco mais sobre esta fase da pré-história do cinema. Desde muito cedo o homem procurou captar e registar o movimento, e para tal, o ser humano pré-histórico utilizou habilidosamente a pintura para o fazer. Vejamos alguns exemplos:

Em Santillana del Mar, Cantábria – Espanha, encontramos uma caverna que ainda hoje conserva uma figura de um Javali com cerca de oito patas, esta figura, é de uma complexidade extrema que quando passamos uma tocha cria a ilusão do movimento, e não somente de um desenho.

Na cidade Burnt, no Irão, foi encontrado um modelo de animação que tem aproximadamente 5200 anos… É um vaso com cinco imagens pintadas, quando o giramos podemos observar uma animação que mostra uma cabra a saltar para arrancar folhas de uma árvore.

Mas não são só as pinturas encontradas nas paredes das cavernas, as figuras rupestres, que servem de exemplo de tentativas de registar o movimento na pré-história. Ramsés II, o terceiro faraó da XIX dinastia egípcia, na era de 1279-1213 a.C., mandou fazer uma série de pinturas nas colunas exteriores do templo, estas imagens são outro bom exemplo da tentativa de procurar captar e registar o movimento. Quando as pessoas viajavam a cavalo, e as figuras eram vistas, elas ofereciam a estes a impressão de movimento.

Em Roma encontramos a Coluna de Trajano mandada construir no ano de 113 d.C., sob a ordem do próprio Imperador, pelo arquiteto Apolodoro de Damasco em comemoração às vitórias das campanhas militares contra os Dácios. E que mais tarde serviu de túmulo tanto para o Imperador Trajano como para a sua mulher Plotina, ambos colocados em urnas douradas. Tem trinta e cinco metros de altura e é por muitos considerada a mais antiga banda desenhada que se conhece, é contada através de uma faixa contínua que dá vinte e três voltas à coluna de Trajano, tendo como extensão total duzentos e vinte metros comprimento, e nela estão narrados os feitos do imperador em alto-relevo. É composta sensivelmente por duas mil e quinhentas figuras de homens, bem como um elevado número de outras imagens ilustrativas das campanhas, como cavalos, armas, insígnias, instrumentos de guerra, etc.

Podemos concluir, são muitas as evidências arqueológicas de que o ser humano nunca deixou de interessar-se pela busca da fixação gráfica do movimento. Desde a pintura em cavernas, passando pelas colunas dos templos até à projeção de sombras. Mas destas últimas falarei no meu próximo post.