O mês passado falei sobre a descoberta da “Persistência Retiniana", e levantei o véu sobre as várias invenções que surgiram após essa descoberta importante para a história do cinema mundial. Hoje abordarei cada uma dessas invenções.
1. Taumatrópio
A palavra Taumatrópio significa “que se transforma em algo maravilhoso”. Foi um brinquedo muito popular no século XIX. É um disco com uma imagem de cada lado que está ligado a dois pedaços de corda. Quando as cordas são giradas rapidamente entre os dedos as duas imagens parece que se misturam numa única imagem devido à persistência da retiniana. Os exemplos mais comuns são uma ave de um lado e uma gaiola do outro ou uma árvore sem folhas de um lado do disco, e do outro lado encontramos as folhas. Foi inventado por Willian Fitton em 1825.
2. Fenacistoscópio
O Fenacistoscópio é um dispositivo que usa o princípio da persistência retinia para criar uma ilusão de movimento, considerado como uma das primeiras formas de meio de entretenimento que abriu o caminho para o cinema.
É constituído por um círculo giratório, com fendas radiais equidistantes e um espelho, ligado verticalmente a uma peça que serve para segurar. No centro desse círculo existe uma sequência de desenhos que serão usados para criar a animação. Para funcionar temos que girar o disco e olhar através das fendas, isto, permite uma rápida sucessão de imagens que criar a ilusão de ser uma única imagem em movimento.
Existiu um outro tipo de Fenacistoscópio que tem dois discos, um com fendas e um com imagens. Desta forma não precisa de espelho. Ao contrário do Zootrópio e dos seus sucessores, o Fenacistoscópio só poderia praticamente ser usado por uma pessoa de cada vez.
3. Zootrópio
O zootrópio é um dos vários dispositivos considerados antecessores legítimos do cinema de animação. Funciona com o mesmo princípio do Fenacistoscópio, mas permite que seja utilizado por várias pessoas ao mesmo tempo. Em vez das imagens serem dispostos radialmente num disco, a sequência de imagens que retratam as fases do movimento é numa tira de papel. A forma básica do zootrópio foi criada em 1833 pelo matemático britânico William George Horner, que estava ciente do valor do recém-inventado Fenacistoscópio.
O zootrópio é constituído por um cilindro com ranhuras cortadas no sentido vertical nos lados. Na superfície interna do cilindro existe uma faixa com um conjunto de imagens sequenciais. Quando o cilindro gira, o utilizador olha através das fendas e, como no Fenacistoscópio, cria uma rápida sucessão de imagens, produzindo a ilusão de movimento.
4. Folioscópio
O Folioscópio, mais conhecido por Flip Book, é um livro com uma série de imagens que variam gradualmente a partir de uma página para outra, de forma que quando as páginas são viradas rapidamente, criar-se a ilusão de movimento.
Os Flip Book além de existirem em livro, também, podem, aparecer como um recurso adicional em livros comuns ou revistas, muitas vezes nos cantos das páginas. Existem software hoje em dia que servem para converter arquivos de vídeo digitais em Flip Book.
O Folioscópio, como todos os dispositivos que criam a ilusão de movimento, dependem do fenómeno da persistência da retiniana – que já falei num post anterior –, para criar a ilusão da existência de um movimento contínuo, em vez de uma série de imagens descontínuas.
5. Praxinoscópio
O Praxinoscópio foi o sucessor do zootrópio. Foi inventado na França em 1877 por Charles-Émile Reynaud. Ambos têm o mesmo princípio básico, pois utilizavam imagens colocados à volta da superfície interior de um cilindro.
Para muitos o Praxinoscópio foi uma evolução do seu antecessor: o zootrópio. As fendas estreitas que serviam para a visualização das imagens foram substituídas por espelhos que impossibilitavam a visualização direta.
Só era possível visualizar as imagens graças a um complexo sistema de lentes e espelhos. Com esta invenção tornou-se possível a projeção dessas imagens numa tela, como no cinema de hoje, o que igualmente permitiu a criação de um espetáculo aberto ao público.
Muito fica por dizer sobre estas invenções que contribuíram para o nascimento do cinema, como hoje conhecemos. Mas fica o essencial para entendermos que todos os contributos que abordei, até aqui, foram importantíssimos para escrever a história da sétima arte.
Até à próxima caríssimos leitores!