“A invenção raramente é devida ao acaso: ela corresponde a uma necessidade profunda e geral, tanto económica como intelectual” (J-A Lesourd e C. Gérard). Várias foram as formas que o homem inventou para gravar e reproduzir as suas manifestações culturais. A fotografia foi uma das formas mais perfeitas e práticas que o homem encontrou para atingir esse objetivo. A fotografia não foi inventada apenas por uma pessoa, foi o resultado de muitas experiências e invenções ao longo dos séculos, e muitos progressos foram necessários para termos a fotografia, que hoje conhecemos, revelada em papel.
Louis-Jacques Mandé Daguerre (1787/1851) foi um artista francês, pintor, cenógrafo, físico e inventor, conhecido como um dos pais da fotografia. Daguerre pesquisou com Niepce um processo que permitisse a fixação de imagens em placa metálica de iodeto de prata. Joseph Nicéphore Niépce (1765/1833) foi um inventor francês e quem desenvolveu a heliografia.
A Heliografia consiste num processo em que a imagem é feita através de uma placa de estanho coberta com betume branco da Judeia, que se tornava insolúvel pela luz. As partes que não eram expostas à luz, o betume era retirado com uma solução de essência de lavanda. O inconveniente deste processo é que tem baixa velocidade de captação e produz uma imagem com pouca qualidade.
Desta experiência, em 1826, ao expor uma das suas placas de estanho, durante aproximadamente 8 horas, na sua câmara escura conseguiu uma imagem do quintal da sua casa. Esta imagem viria a resultar naquela que é considerada, por muitos, a primeira fotografia da história.
Neste mesmo ano, Niépce, por intermédio Vicent Chevalier, conhece Daguerre. Ambos assinam um contrato, em 14 de Dezembro de 1829, em que Niépce prescinde da sua invenção e Daguerre emprega uma nova combinação com a câmara escura, os seus talentos e a sua indústria. Niépce morre em 1833, na sua casa do Gras, sem ter aperfeiçoado muito o seu processo e assim deixando a sua obra nas mãos de Daguerre.
Daguerre aperfeiçoa a heliografia e descobre que se usasse vapor de mercúrio e trissulfato de sódio para fixar as imagens o tempo de revelação das fotografias diminuía para minutos. Em 1837, passa de várias dezenas de horas de exposição a uma hora, além disso melhora a qualidade da imagem, graças à utilização de melhores óticas.
Em 1835 assina um novo contrato, desta vez, com o filho Isidore de Niépce. Juntos lançam o processo chamado daguerreótipo, em que uma placa de cobre prateada e polida, submetida a vapores de iodo, formava sobre si uma camada de iodeto de prata. Esta placa era revelada em vapor de mercúrio aquecido, exposta à luz numa câmara escura durante um período de quatro a dez minutos, consoante a iluminação do objeto, e com uma abertura em torno de f/15. Apesar de não ser possível fazer cópias com o sistema de Daguerre, rapidamente foi divulgado por todo o mundo.
Daguerre morre em Julho de 1851, retirado em Bry-sur-Marne, tendo abandonado a fotografia em favor da pintura, a sua primeira profissão. A sua morte deixa a França indiferente. Todavia, em 1851, o daguerreótipo está no seu apogeu: é usado no mundo inteiro.
William Henry Fox Talbot (1800-1877) foi um homem notável da ciência, escritor e pioneiro da fotografia. Em 1834 começa a fazer experiências com papel impregnado com nitrato de prata fixado com sal de cozinha. Ele desconhecia os trabalhos de Niépce e Daguerre, pois sem saber, Talbolt fez o que Niépce já havia realizado em 1816, mas sem ter, todavia, conseguido fixar as imagens. A este processo fotográfico Talbot chama de calótipo, do grego kalos (beleza). Trata-se, sem dúvida, de um aperfeiçoamento da técnica de Niépce e Daguerre.
Muitos estudiosos afirmam que com a técnica do calótipo Talbot inventou o que viria a ser a fotografia moderna: o negativo-positivo, que aliás designa desta maneira, a revelação da imagem latente e a possibilidade de reproduzir as imagens. Para quem não sabe entende-se por imagem latente toda a imagem que é gravada por um processo químico em chapa ou filme fotográfico sensibilizado pela ação da luz, e que só vem a ficar visível depois de revelada em um banho apropriado.
Hippolyte Bayard (1801/1887), o mais ignorado dos quatros inventores, é um culto homem do Norte de França. Contemporâneo de Nicéphore Niépce, Louis Daguerre e de William Fox Talbot. Em 1839, realiza, a partir de Fevereiro, ensaios sobre papel de sensibilizado e obtém, um mês mais tarde, provas positivas diretas com aspetos de desenhos, por causa da textura do papel.
O método de Bayard é semelhante ao que hoje é utilizado pelo sistema Polaroid. O processo consistia no mergulho de uma folha de papel numa solução de cloreto de sódio e depois de a folha estar seca ela era mergulhada numa solução de nitrato de prata. Depois desse processo, Bayard, expunha-a a vapores de iodo e depois a vapores de mercúrio. O tempo de exposição variava entre trinta minutos e duas horas.
Este procedimento não foi levado a sério como foram os casos dos estudos dos seus contemporâneos. Mas longe de se sentir desencorajado pelos seus insucessos, continua as suas pesquisas, realizando mesmo antes da divulgação do daguerreótipo, a primeira exposição de fotografia da história, com cerca de trinta provas, no quadro de uma festa de caridade.