Como verificámos até aqui o cinema não teve só um inventor, sofreu um longo processo de evolução. Um dos grandes contributos foi a invenção da fotografia. Mas, o mais importante para o desenvolvimento do cinema tal como o conhecemos hoje, ou seja, a sétima arte, foi a criação do cinematógrafo, dos Irmãos Lumière, em 1895. Este é considerado um aperfeiçoamento do cinetoscópio de Thomas Edison (em 1888).
Mas quais são as diferenças entres os dois dispositivos? A maior diferença entre eles é o número de pessoas, em simultâneo, que poderiam assistir às imagens projetadas. O cinetoscópio apenas permitia uma pessoa de cada vez, pois era necessário olhar para o interior de uma câmara escura, por meio de um orifício, para observar as imagens. Ao contrário do cinematógrafo em que a experiência visual proporcionada podia ser feita coletivamente.
Thomas Edison não chegou a patentear o cinetoscópio possibilitando que outros inventores pudessem aperfeiçoarem o seu modelo. E foi o que aconteceu em 1892 pelo francês Léon Bouly. A partir do cinetoscópio, Bouly desenvolve o cinematógrafo, um protótipo que conseguia gravar e projetar as imagens numa parede, mas infelizmente por não possuir recursos financeiros não conseguiu registar a patente. O cinematógrafo viria mais tarde a ser patenteado pelos irmãos Lumière, que com ele começaram a fazer as primeiras experiências cinematográficas.
Em 28 de dezembro de 1895 em Paris, na cave do Grand Café, considerada a primeira sala de cinema do mundo, nasceria o que hoje conhecemos como a arte cinematográfica. Nesse dia os irmãos Auguste e Louis Lumière realizariam aquela que foi a primeira exibição pública, e paga, do mundo do cinema.
Foi exibido uma série de dez filmes, com a duração de 40 a 50 segundos cada um, mas os filmes que ficaram para a história foram apenas dois: “A chegada do comboio à Estação Ciotat” e “A saída dos operários da Fábrica Lumière”. Apenas pelos títulos dos filmes conseguimos compreender muito bem qual teria sido o seu conteúdo. Falarei um pouco mais sobre cada um deles.
O Filme “A chegada do comboio à Estação Ciotat” é um pequeno filme com a duração de apenas 44 segundos, foi todo gravado em plano geral, e retrata a chegada de um comboio a uma estação de caminhos-de-ferro.
“A saída da Fábrica Lumière em Lyon” tem 48 segundos, e também é gravado todo em plano geral, e mostra a saída dos funcionários do interior da empresa Lumière, na cidade de Lyon, na França.
Nascia assim o cinema como hoje conhecemos. Uma arte de massas, um espetáculo coletivo e um sucesso global. Com os irmãos Lumière também nasceria as primeiras “direções cénicas” para o cinema, os pais do cinema não ficariam por aqui… Esta dupla continuaria a fazer mais filmes e muitos deles registavam cenas do quotidiano.
Desde uma brincadeira de uma criança a um homem que regava as plantas, mas que no fim é regado pela mangueira; um casal que dá comida ao seu pequeno/grande bebé; um grupo de amigos que jogam às cartas ou até mesmo a demolição de uma parede. São exemplos de outros filmes dos irmãos Auguste e Louis Lumière e que nos demonstra que a “direção cénica” para o cinema aparece ao mesmo tempo que o cinematógrafo.
Mas se os meus caros leitores acham que a evolução do cinema fica por aqui é uma pura ilusão. Até aqui só era possível fazer, com o cinematógrafo, apenas um tamanho de plano: o plano geral/long shot. Sobre o que veio possibilitar a grande variação de enquadramentos, e a magia do cinema moderno, falarei num outro post.
A seguir deixo-vos todos os vídeos da autoria dos pais da sétima arte.