Depois do sistema de Lee De
Forest, que vimos na primeira parte, outros sistemas de sonorização começam a
disputar o mercado. O Vitaphone, criado por Western
Electric e Bell Labs, utilizado
no primeiro filme falado, gravava o áudio em discos 33 1/3 rpm (velocidade
usada pela primeira vez para este sistema) e tinha um diâmetro de 41 cm, posteriormente
seria colocado numa plataforma giratória acoplada fisicamente ao motor do
projetor enquanto o filme estava a ser projetado. Quando os inventores tentaram
vender a tecnologia para os estúdio de Hollywood, em 1925, eles enfrentaram o
mesmo problema que De Forest: o desinteresse. Mas os estúdios da Warner Bros Pictures rapidamente viram potencial
nesta nova invenção.
Apesar disso, os responsáveis
pelos WB Pictures nunca viram a utilização do Vitaphone para a gravação de
diálogos, mas sim, para fornecer acompanhamento musical sincronizado com as
imagens. Embora fosse essa a ideia inicial dos donos da WB, em Abril de 1927,
eles vão mais longe, e para espanto de toda a indústria cinematográfica, é
contruído o primeiro estúdio de som do mundo. Em Maio do mesmo ano, a produção
do cinema sonoro com diálogos gravados, começaria com a produção e respetiva
exibição do primeiro filme falado: O Cantor de Jazz, de Alan
Crosland, com um total de 354 palavras.
Originalmente era para ser um
filme mudo com acompanhamento musical utilizando o Vitaphone, mas Al Jolson
improvisa algumas palavras e Warner Bros não as corta. Mais tarde, Jolson
acrescenta mais diálogo numa cena intimista em que a sua personagem canta para
a mãe. Assim que o seu “pai” entra em cena o filme volta a ficar sem diálogos
gravados e escritos em cartelas, as partes improvisadas, pelo ator, foram as
únicas com diálogo gravado, todos os outros diálogos foram intercalados com
legendas habituas dos filmes mudos da época. Esta produção tornou-se num
sucesso mundial conseguindo arrecadar aproximadamente 3,5 milhões de dólares.
Até o final dos anos 20, o
Vitaphone acaba por dar lugar ao sistema Movieton. Aqui o som passou a ser
gravado numa faixa ótica de densidade variável na mesma pelicula de filme que eram
gravadas as imagens, e impedia que se corresse o risco de perder o sincronismo.
Em 1928 Mickey Mouse aparece nos
ecrãs gigantes pela primeira vez, em Steamboat
Willie, com a voz de seu criador, Walt Disney. No ano seguinte O Beijo,
com Greta Garbo, é o último filme mudo da MGM - Metro-Goldwyn-Mayer.
O Cinema sonoro expande-se, e
o inglês torna-se uma língua mundial. O som abre espaço para novos géneros
cinematográficos, como os musicais, os filmes de gângsteres e o terror ganhou
novos caminhos graças às influências do expressionismo alemão, juntamente com
faixas de som delével. Podemos destacar desta era sonora os filmes Drácula e
Frankenstein, e como atores Fred Astaire, Ginger Rogers e Clark Gable. Depois
de dominar o som, o cinema dá os seus passos em direção à conquista das cores,
mas isto falarei numa próxima oportunidade.
Em 1940 o filme de animação Fantasia,
de Walt Disney, seria o primeiro filme que utilizaria um sistema de som com
vários canais, o que possibilitava a execução simultânea de música, efeitos
sonoros e diálogos. Mas apenas duas salas de cinema foram equipadas com
capacidade de reproduzir o som em sistema surround. Quinze anos depois Oklahoma!,
de Fred Zinnemann, usa uma pelicula de filme de 70mm, sendo 65mm para a imagem
e 5mm para seis canais de som.
A tecnologia do áudio
progride, e uma empresa mudaria para sempre este paradigma, tornando-se quase
sinonimo de “som para cinema”. Estou a falar da história do Dolby Sound: este
sistema foi apresentado em 1966 e rapidamente se tornou no padrão da indústria
cinematográfica. O primeiro filme, em 1971, Laranja
Mecânica, de Stanley Kubrick seria o primeiro a usar esta tecnologia. Em
1976 foi lançado um novo sistema de áudio o Dolby Stereo, com o filme “A Star is Born”. Passado pouco tempo
todos os filmes passam a contar com este sistema. No ano seguinte, em 1977, a
Dolby Stereo iria receber a sua primeiro showcase real com o filme Star Wars.
Na década de 1990, mais
propriamente em 1992, a Dolby lança o Dolby Digital com o filme Batman Returns, usando o algoritmo de
compressão AC-3. O Dolby Digital usa um formato de som chamado surround 5.1,
que consiste em seis canais de som: um frontal, um esquerdo, um direito, um central,
dois canais surround e um subwoofer.
Em 1993 dois novos formatos de
som digital foram lançados: DTS e SDDS. O DTS (Digital Theater Systems) foi estreado por Steven Spielberg no
filme Jurassic Park, e o SDDS (Sonic Dinamic Digital Sound), com um
sistema surround 7.1, utilizado no filme O
Último Grande Herói (Last Action Hero) de John McTiernan com Arnold
Schwarzenegger.
Em 1995, o cinema completa um
século de existência e vê uma transformação radical: os sistemas analógicos de
áudio e imagem dão lugar aos novos sistemas informatizados. Na contracorrente
dos avanços digitais. Dick Tracy, de Warren Beatty, é a primeira
longa-metragem com banda sonora digital.
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